1 de junho de 2010

Nomes


Nomes são daquelas coisas a que não pudemos escapar, mais certas que a ida ao dentista, até! Não nascemos com um, mas é-nos oferecido à nacsença ou mesmo antes, antes até de existirmos mesmo dentro da barriga das nossas mães. E a cada nome atribui-se um rosto, uma personalidade, pequenas coisas que vão formando uma pessoa.



Logo uma coisa tão importante e eu não há meio de saber o nome de ninguém! Não é por não gostar das pessoas, a sério - é por ter memória de peixe. Porque raio é que os Rubens hão-de ter cara de Sérgios e as Saras de Ineses? As mães não viam que não tinham a cara do nome?

"Oh Ana, até parece que os nomes têm caras. Se fosse assim, tu tinhas cara de parva" - isto é o que me dizem às vezes (e quando não dizem pensam!). Eu não ligo, pois claro. Porque eu é que tenho razão.

Penso que este problema advém do facto de não prestar atenção ao que me dizem. Mas o problema teima em persistir mesmo quando me esforço: como no primeiro dia de aulas, por ex. Eu bem faço um esforço de cérebro (como quando tentava resolver uma equação difícil, onde é que isso já vai...), puxo pelo miolo, tento fixar o máximo de combinações cara-nome-pessoa-qualidade engraçada e é aí que ainda pioro a coisa: nascem as minhas amigas alcunhas, sim, porque essas, inventadas por mim, não esqueço!

Tenho alcunhas para toda a gente (sim, tu também deves ter uma!), e não sou discriminatória: tanto dá gostar da pessoa como não, que em princípio terás como brinde por me conheceres (ou como prémio de consolação!) uma alcunha toda simpática. Claro que quando me começo a ficar amiga das pessoas elas passam a ter o nome delas e a alcunha vai à vida. Também não sou assim tão má.

Nomes são etiquetas, apenas. No entanto, deixam de o ser, a partir do momento em que determinadas pessoas passam a ser importantes para nós. Aí o nome, a alcunha, o nome carinhoso (para os que não gostam da palavra alcunha, que horror, que coisa feia) passa a ter outro valor, outro significado, e até nomes que não gostávamos (como David, no meu caso!) passam a ter um saborzinho especial, para quando estivermos longe de casa e conhecermos alguém que também se chama David, pudermos dizer: "Tenho um primo que também se chama David, também não gosta de comer gelados..." E o nome David passa a ter outra cara, "cara de primo", cara da saudade que temos de quem ficou para trás.

Sem comentários:

Enviar um comentário