27 de janeiro de 2011

Livros Infantis

Faço parte daquelas pessoas e viveram a primeira infância rodeadas de livros (ok, confesso que a mania dos livros dura até hoje - e durará até ao fim dos meus dias, pressumo). Não sei se era por os meus pais terem pouco dinheiro, ou se era por terem muito, que passei a minha infância a ler livros e a ver cassetes de video. Tenho uma colecção enorme tanto de uns como de outros. Até aprender a ler, não me deitava uma única vez sem que me lessem uma história.
Como todos os miúdos (por favor, digam que não somos só nós!) tínhamos preferências por determinados livros e fazíamos com que nos lessem o mesmo durante dias a fio. Às vezes a minha mãe (principalmente a minha mãe, o meu pai até nem era tanto disso) cansada, coitada, queria-se deitar rapidamente e "saltava" algumas partes da história para que acabasse mais depressa. Mas a gente não caía nessa! Num instante decorávamos a história (e só era preciso lerem-na uma vez - bons velhos tempos em que a minha memória não tinha sido aindo corcumida com mitoses, bolcheviques e fracções...) e logo dávamos pelo erro. Coitada...
Como estava a dizer, gostávamos de quase todos os livros que nos davam, mas eu pessoalmente, tinha preferência por dois. O primeiro, o meu favorito antes de saber ler, não era um, mas sim uma colecção de 5 livrinhos que vinham dentro de um "baú" de cartão: "O meu pequeno cofre de Contos de Grimm". Lá dentro tínhamos a Rapunzel, o Rumpelstiltskin, o Alfaiatezinho Valente, a Branca de Neve e o Principe Sapo. Gostava de todos por igual, e ainda gosto. Por várias razões: por virem num cofre, pelas cores, pelas capas almofadadas, pelos desenhos, pelo cheiro das folhas, por ter uma dedicatória no interior ("Da Madrinha para a Carolina" - se não são gémeos, não sabem o valor que tem recebermos uma prenda para nós)... Se quiserem, se vieram à minha casa eu mostro-vos. Já não se fazem livros assim, agora os bonecos são desenhos a computador com cores berrantes e sem matizações de cor. E as folhas cheiram a plástico, já agora.
O segundo, o favorito quando aprendi decifrar as letras, era (e é, que eu guardo-o religiosamente) um "monstro" com quatrocentas páginas, cada uma com o tamanho de metade de uma folha A3, também de capa almofadada: "Um Tesouro de Contos de Fadas". Agora que repara, não aparece uma única fada no livro inteiro, e acho que é por isso que eu gostava tanto dele (sempre fui um bocado esquisita). Iso é estranho. Ah, estou aqui a ver na contracapa que a primeira edição é francesa e tem o nome de "Grand Contes Célèbres". Os portugueses é que lhe puseram as fadas, vá-se lá saber porquê. Gosto deste livro pelas mesmas razões que gosto dos outros: as imagens, as cores, o cheiro das folhas... é que cheiram mesmo bem! E também pela variedade dos contos: 22 contos oriundos de vários países, desde o Chapeuzinho Vermelho (dos irmãos Grimm) até ao Pássaro de Fogo (conto folclórico Russo), o meu favorito. Li-o vezes sem fim. Vou lê-lo de novo assim que acabe este artigo. Um dia falo mais destes contos, se me lembrar!
Mas porque é que me lembrei deste artigo? Por causa de dois livros que vi há umas duas semanas: um, da minha prima Leonor, que até está giro apesar das páginas cheirarem a petróleo e as imagens serem a guache monocromático (mas até fica engraçado). Também uma colectânea de contos, mas mais pequeno que o meu e muito menos encantador. No conto do capuchinho vermelho, na parte em que o Lobo Mau come a Avózinha, tem como imagem lustrativa a bocarra do lobo toda escancarada e com as botinhas de lã da avó a dar a dar, porque coitada, já foi devorada de uma só vez! Está bem que todos os contos infantis têm de ter o seu q.b. de terror para dar dinamismo à história, mas desenhar a avó a ser engolida pelo lobo... seria mesmo necessário? Eu fartei-me de rir com a imagem, mas mesmo assim...
O outro, de um miúdos filhos de uns amigos, é um conto sobre uma toupeira (as imagens estão até bonitas, mas as páginas continuam a cheirar a plástico!) que lhe caiu qualquer coisa em cima. Qualquer coisa parecida com cocó. Continuei a ler convencida que seria um erro da minha vista, mas depressa reparo que todo o livro é uma busca da toupeira (que continua sempre com a poia na cabeça) sobre de quem seria o "presente"! Então pergunta a cabras, que lhe dizem que o seu cocó é assim, depois pergunta a outra animal, que lhe dizem que o seui cocó é assado, até chegar ao cão, o dono da poia. O livro acaba com a toupeira a depositar-lhe a retaliação também na cabeça, como vingança. Tudo isto disfarçado sob a capa de livro normal, daqueles que a gente pode comprar no Continente. Acham normal?!
Enfim, o que posso dizer? Vou continuar a ler os meus livros aos meus primos e garotos que se ponham no meu caminho. E fica aqui a promessa que, no dia em que tiver filhos, vou escolher muito bem os livros que compro. Nada de folhas que cheirem a plástico, desenhos feitos a computador em que os elefantes são cor-de.laranja e os sapos cor-de-rosa, e em que a história principal gira à volta de conteúdos intestinais. Se não encontrar... bem, apesar de velhinhos, os livros do Cofre de certeza que não me vão desiludir.... Os sapos são verdes, sempre!

1 comentário:

  1. hahahahahahhaha eu tinha de comentar isto!
    OMG A SÉRIO???
    hahahahahahahaha esse livro devia receber um prémio nobel, estou a falar a sério!
    hahahahahahahahhaah

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