Faço parte daquelas pessoas e viveram a primeira infância rodeadas de livros (ok, confesso que a mania dos livros dura até hoje - e durará até ao fim dos meus dias, pressumo). Não sei se era por os meus pais terem pouco dinheiro, ou se era por terem muito, que passei a minha infância a ler livros e a ver cassetes de video. Tenho uma colecção enorme tanto de uns como de outros. Até aprender a ler, não me deitava uma única vez sem que me lessem uma história.
Como todos os miúdos (por favor, digam que não somos só nós!) tínhamos preferências por determinados livros e fazíamos com que nos lessem o mesmo durante dias a fio. Às vezes a minha mãe (principalmente a minha mãe, o meu pai até nem era tanto disso) cansada, coitada, queria-se deitar rapidamente e "saltava" algumas partes da história para que acabasse mais depressa. Mas a gente não caía nessa! Num instante decorávamos a história (e só era preciso lerem-na uma vez - bons velhos tempos em que a minha memória não tinha sido aindo corcumida com mitoses, bolcheviques e fracções...) e logo dávamos pelo erro. Coitada...
Como todos os miúdos (por favor, digam que não somos só nós!) tínhamos preferências por determinados livros e fazíamos com que nos lessem o mesmo durante dias a fio. Às vezes a minha mãe (principalmente a minha mãe, o meu pai até nem era tanto disso) cansada, coitada, queria-se deitar rapidamente e "saltava" algumas partes da história para que acabasse mais depressa. Mas a gente não caía nessa! Num instante decorávamos a história (e só era preciso lerem-na uma vez - bons velhos tempos em que a minha memória não tinha sido aindo corcumida com mitoses, bolcheviques e fracções...) e logo dávamos pelo erro. Coitada...
Como estava a dizer, gostávamos de quase todos os livros que nos davam, mas eu pessoalmente, tinha preferência por dois. O primeiro, o meu favorito antes de saber ler, não era um, mas sim uma colecção de 5 livrinhos que vinham dentro de um "baú" de cartão: "O meu pequeno cofre de Contos de Grimm". Lá dentro tínhamos a Rapunzel, o Rumpelstiltskin, o Alfaiatezinho Valente, a Branca de Neve e o Principe Sapo. Gostava de todos por igual, e ainda gosto. Por várias razões: por virem num cofre, pelas cores, pelas capas almofadadas, pelos desenhos, pelo cheiro das folhas, por ter uma dedicatória no interior ("Da Madrinha para a Carolina" - se não são gémeos, não sabem o valor que tem recebermos uma prenda só para nós)... Se quiserem, se vieram à minha casa eu mostro-vos. Já não se fazem livros assim, agora os bonecos são desenhos a computador com cores berrantes e sem matizações de cor. E as folhas cheiram a plástico, já agora.
O segundo, o favorito quando aprendi decifrar as letras, era (e é, que eu guardo-o religiosamente) um "monstro" com quatrocentas páginas, cada uma com o tamanho de metade de uma folha A3, também de capa almofadada: "Um Tesouro de Contos de Fadas". Agora que repara, não aparece uma única fada no livro inteiro, e acho que é por isso que eu gostava tanto dele (sempre fui um bocado esquisita). Iso é estranho. Ah, estou aqui a ver na contracapa que a primeira edição é francesa e tem o nome de "Grand Contes Célèbres". Os portugueses é que lhe puseram as fadas, vá-se lá saber porquê. Gosto deste livro pelas mesmas razões que gosto dos outros: as imagens, as cores, o cheiro das folhas... é que cheiram mesmo bem! E também pela variedade dos contos: 22 contos oriundos de vários países, desde o Chapeuzinho Vermelho (dos irmãos Grimm) até ao Pássaro de Fogo (conto folclórico Russo), o meu favorito. Li-o vezes sem fim. Vou lê-lo de novo assim que acabe este artigo. Um dia falo mais destes contos, se me lembrar!
Mas porque é que me lembrei deste artigo? Por causa de dois livros que vi há umas duas semanas: um, da minha prima Leonor, que até está giro apesar das páginas cheirarem a petróleo e as imagens serem a guache monocromático (mas até fica engraçado). Também uma colectânea de contos, mas mais pequeno que o meu e muito menos encantador. No conto do capuchinho vermelho, na parte em que o Lobo Mau come a Avózinha, tem como imagem lustrativa a bocarra do lobo toda escancarada e com as botinhas de lã da avó a dar a dar, porque coitada, já foi devorada de uma só vez! Está bem que todos os contos infantis têm de ter o seu q.b. de terror para dar dinamismo à história, mas desenhar a avó a ser engolida pelo lobo... seria mesmo necessário? Eu fartei-me de rir com a imagem, mas mesmo assim...
O outro, de um miúdos filhos de uns amigos, é um conto sobre uma toupeira (as imagens estão até bonitas, mas as páginas continuam a cheirar a plástico!) que lhe caiu qualquer coisa em cima. Qualquer coisa parecida com cocó. Continuei a ler convencida que seria um erro da minha vista, mas depressa reparo que todo o livro é uma busca da toupeira (que continua sempre com a poia na cabeça) sobre de quem seria o "presente"! Então pergunta a cabras, que lhe dizem que o seu cocó é assim, depois pergunta a outra animal, que lhe dizem que o seui cocó é assado, até chegar ao cão, o dono da poia. O livro acaba com a toupeira a depositar-lhe a retaliação também na cabeça, como vingança. Tudo isto disfarçado sob a capa de livro normal, daqueles que a gente pode comprar no Continente. Acham normal?!
Enfim, o que posso dizer? Vou continuar a ler os meus livros aos meus primos e garotos que se ponham no meu caminho. E fica aqui a promessa que, no dia em que tiver filhos, vou escolher muito bem os livros que compro. Nada de folhas que cheirem a plástico, desenhos feitos a computador em que os elefantes são cor-de.laranja e os sapos cor-de-rosa, e em que a história principal gira à volta de conteúdos intestinais. Se não encontrar... bem, apesar de velhinhos, os livros do Cofre de certeza que não me vão desiludir.... Os sapos são verdes, sempre!
hahahahahahhaha eu tinha de comentar isto!
ResponderEliminarOMG A SÉRIO???
hahahahahahahaha esse livro devia receber um prémio nobel, estou a falar a sério!
hahahahahahahahhaah