17 de maio de 2012

17 de Maio - Dia Internacional contra a Homofobia


Para quem não sabe, hoje é o dia mundial contra a homofobia.
A primeira vez que ouvi o termo homofobia já devia ser crescidinha, com uns 10 anos, e andei durante algum tempo a pensar que homofobia era ter medo de homens (homo+fobia - o meu latim sempre foi mais para o intuitivo...) o que me parecia sumariamente desagradável.


Faz hoje 22 anos que a OMS retirou a homossexualidade das listas de doenças mentais, e, apesar de já não ser considerada uma doença na teoria, na prática o caso pia mais fino e hoje, passados 22 anos desde que essa concepção foi abolida, a nossa lei continua a discriminar os homossexuais, proibindo-os de adoptar uma criança se for essa a sua vontade. Felizmente, o matrimónio já não lhes está vedado, mas pessoalmente acho uma vergonha isto só ter acontecido há coisa de 2 anos.

Apesar de já ter sido esclarecida que não, homofobia não era ter medo de homens (já agora, a isso dá-se o nome de Androfobia), o conceito ainda não conseguiu o meu completo entendimento. Porque raio é que se continua a discriminar homossexuais? Qual é, de facto, a cena? A mim sempre me pareceu muito claro que o ser humano pode ter várias orientações sexuais (heterossexual, homossexual, bissexual) e que a heterossexualidade é, apenas, aquilo que é mais comum. Desde quando é que só por uma coisa ser menos comum é considerada anormal?  
Gosto bastante da comparação do Gleitman (nome corriqueiro que damos, enquanto estudantes de psicologia, ao livro escrito por Gleitman, Fridlund e Reisberg, considerado a "bíblia" da psicologia) com os canhotos. A percentagem de homossexuais e canhotos é praticamente igual, pouco mais de 10% (aliás, há autores que defendem que essa percentagem é o dobro, mas já me aprece um pouco exagerada, mas o facto é que o que não deve faltar para aí são homossexuais não assumidos). E há alguém que discrimine um canhoto? Há leis específicas que impeçam um canhoto de fazer seja o que for? Imaginem agora que inventavam uma lei que proibia os canhotos de tocarem guitarra, por ex., só por serem canhotos. Ou que havia alguns países em que ser canhoto era crime. Antigamente forçavam os canhotos a escrever com a mão direita. Contudo, ao contrário dos canhotos, não creio que se tenha resultados idênticos ao "forçar" um homossexual a ser heterossexual. Ao contrário do que se ouve por vezes dizer - como neste artigo de José António Saraiva que me deu a volta ao estômago, onde se podem ler pérolas como "a homossexualidade é uma forma de insubmissão" - a homossexualidade não é uma "mania", não é uma doença e não é uma religião (portanto ninguém se "converte" do homossexual para heterossexual e vice versa).


Acredito que as coisas estão a mudar, em passos lentos mas seguros. Acredito que as crianças de hoje vão crescer mais livres e tolerantes do que as crianças do meu tempo (apesar de ainda hoje, nos recreios, o termo "gay" seja considerado insulto), e acredito sinceramente que as coisas estão a mudar para melhor. Talvez não tão rapidamente como seria desejável, mas estão a mudar. E acho que é também para nos lembrarmos disso que servem os dias internacionais.   

Sem comentários:

Enviar um comentário